domingo, 9 de outubro de 2016

Dicas literárias: Nunca lhe prometi um jardim de rosas

Deborah é uma garota judia de 16 anos, bonita, inteligente e está sendo levada pelos pais, Esther e Jacob para um hospital psiquiátrico. Até onde as experiências vividas na infância interferem sobre a saúde mental de um indivíduo? Qual o papel da família? O amor sufocante e as expectativas geradas pelos pais e parentes próximos podem prejudicar mais do que ajudar o desenvolvimento? E as experiências vividas em sociedade? Nas quase 300 páginas de “Nunca lhe prometi um jardim de rosas” Hanna Green aborda estes temas através de Deborah, que pouco a pouco se vai distanciando da realidade do mundo, trocando-o por Yr, seu mundo imaginário até ser internada em um hospital psiquiátrico, diagnosticada como portadora de esquizofrenia.
O livro não apresenta uma narrativa linear. Não narra a infância de Deborah, sua adolescência, sua internação e seu final de forma ordenada. As informações vão sendo aos poucos extraídas pela psiquiatra, Dra. Fried. Cada sessão parece ao mesmo tempo um alívio e uma tortura para a garota e cada passo para longe do abismo parece preceder dois em direção a ele. Deborah, em seus momentos de lucidez, muitas vezes parece filosofar sobre a própria situação, bem como sobre a situação das demais pacientes. Há uma descrição detalhada do ambiente hospitalar, suas alas, seus funcionários e sua relação com os pacientes, relação esta muitas vezes de medo, nojo, raiva e, em alguns casos carinho e dedicação; os cuidadores muitas vezes acabam também influenciados pelas doenças tratadas – ao ponto de tornarem-se doentes também.
É uma leitura interessante e densa. Nada de floreios poéticos. Faz pensar no papel da família e da sociedade na formação do individuo e em sua saúde mental. Escrito em 1964, pela autora americana Joanne Greenberg sob o pseudônimo de “Hanna Green”, a obra ganhou uma versão cinematográfica em 1977.
Vale a pena conferir.




2 comentários:

  1. Obrigado por enriquecer o blog com seu trabalho perfeito dedicado à cultura, Prezada escritora.

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  2. Obrigada! Só agora vi o comentário! Eu é que agradeço a possibilidade de participar!

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