quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Os anos 60 - Lady Viana





Pensando nos clássicos anos 60, tive uma explosão de lembranças de textos, livros didáticos e músicas que saberiam explicar, todos juntos, a importância dessa década.

Mas, precisamente, não quero explicar a importância dos anos 60. Estive pensando nos passados e presentes. Quero só comentá-lo.

Voltando-me aos jovens, seus pais foram lutar [Second World War]. Suas mães trabalharam em fábricas e indústrias bélicas. Nos anos 40 e, principalmente, nos 50, após o Baby Bloom, a sociedade que durante a guerra foi mantida por mulheres queria que elas voltassem a viver em casa. Abandonassem as calças e vestissem novamente suas saias; para facilitar, a moda criou ideais lindíssimos de moças direitas, com formatos cinturados e elegantes, penteados difíceis de manter – justamente para que as moças não exercessem atividades que bagunçassem o penteado -, maquiagem extrema e batons icônicos, como o vermelho. Além da ascensão do cinema, que contribuiu para reforçar esses ideais e implantá-los na cabeça das mulheres. Eles temiam que suas esposas desistissem de ser donas de casa para trabalhar no mundo afora. Temiam que elas fossem independentes. Pode parecer um discurso feminista exacerbado, mas é a história.

Mulheres foram ensinadas a se portar adequadamente, a serem prendadas, ou viveriam “na solidão”. Homens foram ensinados a serem o “Homem da Família”, defensor de suas indefesas esposas e filhas, além de terem o “fardo” de ensinar isso a seus filhos também. Ou seja, ambos foram, desde pequenos, ensinados de formas diferentes para o mesmo objetivo: submissão feminina. Retornando à moda, e a sua relação com o feminismo, o surgimento do nylon.

Uma fibra foi responsável por grandes mudanças na sociedade. Meias-calças, luvas e lingeries mais práticas por causa da fibra. E, por serem mais práticas, mais fáceis de usar e, portanto, usáveis no dia-a-dia – e no trabalho. Isso foi fatal para o período. Ora, as moças já haviam construído mísseis! O que fazer para domá-las? Para trazê-las de volta para casa?

Paralelamente a isso, o poder da publicidade. As indústrias estavam preocupadíssimas em criar inovações que fossem atraentes para as mulheres. Em contraposição ao infeliz que inventou o nylon, claro. Não era para facilitar a “fuga” das mulheres, e sim o contrário! Algum gênio teve a ideia de trabalhar nos aparelhos domésticos.

Aspiradores de pó, torradeiras, frigideiras, refrigeradores – de diversas cores, para chamar a atenção -, entre outros, foram uma estratégia para fazê-las comprar. Terem o prazer de “ter” algo da moda, que não fossem roupas práticas. Eletrodomésticos, a melhor ideia. As moças foram à loucura, e isso funcionou por um tempo.

Por um tempo, talvez uns 10 anos. Essas moças, talvez, tenham realmente ficado em casa. Mas suas filhas e filhos foram criados por uma mãe que já havia trabalhado, dado duro numa indústria bélica, que saía cedo para voltar bem tarde, e que voltavam sujas de óleo. Elas ralaram. E os pais, pois, lutaram em uma guerra de dimensão mundial. Todos estavam mudados, mesmo que inconscientemente. Ele pode ter voltado para casa e querido uma família doméstica e domada como antes. Ela pode ter voltado para casa e querido um pouco mais de liberdade. Ainda que não declaradamente, essas crianças cresceram diferente. Não tinham pais que eram ladies e sirs que nunca haviam saído de sua zona de conforto. Eles conheceram o mundo e suas dificuldades.

Nada mais natural que os filhos quisessem algo diferente também. E, bam, nos anos 60, no auge da juventude dessas crianças agora crescidas, protestos, mudanças e invenções.

Na década anterior, mulheres fartas representavam fertilidade e feminilidade. E então veio a Twiggy. Shrimp. Entre outras, principalmente britânicas. Agora magérrimas, joviais e pulantes, totalmente “transgressoras”. Um choque. E a minissaia. E a música ousada e sexual. Os jovens queriam liberdade, queriam uma mudança. Símbolos da freedom.

Não tinha como mudar o mal que já estava feito: em 69, Woodstock foi a precursão da efemeridade da moda e seus ideais estéticos, justificados em justificativas justificáveis por fatos históricos e o choque de culturas, o choque de eras. O objetivo parecia ser matar seus ancestrais do coração. O rock mudou. Tudo mudou.



No final das contas, de moda só falei duas coisas. Coisas essas que, por incrível que pareça, mudaram uma era. E mudaram para sempre. Digo, até chegar a próxima temporada.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Viajarei nos raios do Sol

Viajarei nos raios do Sol
E me deixarei levar pelo vento
Dormirei sob o paiol
Nas noites sem alento

Amarei sem limites
Tentando dar vida
A meus olhos tristes
Pela dor de tua partida

Lágrimas a cair
Fertilizando a terra árida
Ao longe, cães a ganir
Como adivinhando a dor invisível
Ferida incurável
Fato imutável palpita em minha alma gélida

O vento a sussurrar
Um último lamento
Grandes árvores sob ele se curvam a chorar
Ah! Dor, d’alma alimento...



ENIGMA DA PAIXÃO

 
ENIGMA DA PAIXÃO
Pode parecer tolice,
como alguém me disse:
um amor sem sexo
como uma orgia sem nexo.
Mas os devaneios o alimentam,
e ela torna-se, sim,
anima que me complementa
e satisfaz a necessidade de amor,
porquanto animus por parte dela eu sou.
Por uma mulher linda,
companheira nos meus sonhos,
murmuram o seu nome
os meus sussurros ressonados
e, no ninho mágico do amor
que o desejo encena,
sinto o seu perfume
e saboreio o seu delicioso gosto.
É verdadeira a química que flui,
como o corpo diz,
e  me deixa muito feliz.