sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Romance "Bianca - Um amor que sobrevive aos séculos" - Capítulo I, O diário de Mary, parte 1



“O Amor verdadeiro nos indica o caminho… Mesmo que seja uma trilha estreita entre as rochas, sempre iremos segui-la… Mesmo que para encontrá-lo, seja preciso mergulhar séculos, transpondo qualquer barreira… Mesmo assim, ele estará lá, uma pequena estrela na escuridão, brilhando e nos fazendo ir ao seu encontro”.

São Paulo, 02 de Junho de 1996, Domingo.

Atravesso a imensidão da noite. Sob o vento gelado meu corpo estremece, lembro-me de todas as histórias sobre criaturas da escuridão que já ouvi. Um ruído em meio ao silêncio me assusta. Sei que não deveria estar aqui, mas o impulso de vê-la é mais forte e eu não consigo me controlar e esperar até o dia amanhecer… Algo me atrai até sua casa quando eu poderia simplesmente esperar a aurora… O despertador me acordaria e após um banho, um café quentinho me esperaria na cozinha… Eu iria até o colégio, iríamos conversar passar o tempo, estudar, fazer bagunça com os amigos… Ela passaria a tarde comigo, em minha casa… Talvez um filme, e depois, no final da tarde, eu a acompanharia até a sua casa, na despedida, diria “não se esqueça de sonhar comigo esta noite” e ela, como sempre responderia “sonharei, como em todas as outras”. Voltaria caminhando ao acaso no crepúsculo e, antes que a noite viesse libertar suas criaturas Misteriosas, eu já estaria na segurança de meu lar. Escreveria um diário, um poema, uma carta… E no outro dia pela manhã, roubaria uma rosa vermelha no jardim do condomínio e iria entregar a ela, um poema e uma rosa… Sonho mais que perfeito… Não custa nada sonhar, acreditar, não é verdade?
Mas a realidade não é assim tão bela e doce… Trago em minhas mãos uma rosa, e um poema de amor, anônimo, não a amo, mas algo mais forte me leva a buscá-la nas noites frias e tenebrosas, tantas vezes já saí em sua busca à luz do luar, que já começo a me sentir como uma parte da noite. Não hesito em sair, apenas para deixar em sua porta uma rosa e um poema.
Não esqueço a primeira manhã em que, afoita, ela veio me contar que tinha um admirador secreto… E me mostrar os lindos versos que recebera… Eu até ri daquele pobre poema sem rima, sem métrica… Mas ela disse que isso não importava, não esqueço suas palavras:
“-O que importa é o sentimento de quem escreveu o poema, e não a sua perfeição métrica, suas rimas ricas ou qualquer outra técnica.”
Que vontade louca de dizer simplesmente -Foi eu quem escreveu!
Novamente um ruído vem me tirar de meus sonhos e me chamar de volta à realidade. Faltam apenas cinco minutos para meia-noite, as ruas estão desertas… Nossos prédios ficam próximos um ao outro, apenas uns dois quarteirões de distância, mas apesar de estarmos em São Paulo, a cidade que nunca dorme, essa região é deserta, principalmente nas noites frias de Junho.
Em frente ao seu prédio, espero uma distração do porteiro… Passei semanas estudando atentamente o sistema de câmeras, para poder entrar sem ser notada… Um automóvel chega, abre o portão da garagem… Aproveito a brecha e consigo entrar… Pé ante pé, vou subindo pela escada de emergência até o décimo andar. Deixo a rosa e o envelope, com um poema à porta da morada daquela a quem eu deveria amar, e silenciosamente, como cheguei, me retiro. Devo retornar rapidamente, tenho medo que meus pais acordem e percebam a minha ausência, não seria nada fácil explicar onde estava a estas horas…

É estranho, mas todas as noites quando saio de casa tenho me sentido observada, como se algo me seguisse, escondido no silêncio das trevas noturnas… É uma presença forte, quase posso senti-la, mas não consigo explicar o que é… Faz-me sentir tamanha angustia, e ao mesmo tempo, é como se nada pudesse me atingir…
Nem sei para que escrevo um diário, meus dias são todos iguais. O que pode acontecer de novo na vida de uma garota de dezesseis anos?
Hoje faz um mês que, religiosamente, a cada noite, encontro uma maneira de deixar o meu prédio e invadir o prédio dela, apenas para entregar uma rosa vermelha, símbolo da paixão ardente… Uma gota de meu sangue, que escorre dentro do meu coração a cada vez que a ouço falar dos garotos com quem ela fica…
Esse é o poema que escrevi para ela hoje… É meio tosco… Não sou nenhum Camões… Gostaria de saber brincar com as palavras, fazê-las ganhar vida… Mas não consigo… Enfim, o importante é que eu sei que ela gosta do que eu escrevo… Estive em sua casa hoje à tarde, tive que segurar minhas lágrimas de emoção quando ela me mostrou uma caixinha cor-de-rosa, onde guarda um caderno com todos os meus poemas colados, e também as rosas, para que sequem e fiquem para sempre ali… Ela me confessou que, aos poucos está se apaixonando pelo autor das poesias… Qual será sua reação ao saber que se trata de uma autora, sua melhor amiga e a única pessoa que será capaz de amá-la acima de tudo, neste ou em qualquer outro mundo?

Minha vida sem você é uma luz que
Está sempre apagada
Um barco perdido em

Alto-Mar
Mirante sem paisagem
Onde ninguém gosta de ficar, é flor sem
Raiz, pois seu amor é a raiz que me faz florescer…

O mais estranho em tudo isso, é que simplesmente, eu não amo Emanuela… Às vezes sinto que a mesma presença que me persegue nas ruas escuras é que me dita cada palavra que escrevo. Até mesmo neste diário… Às vezes, quando paro e leio tudo o que escrevi, não reconheço minhas próprias palavras… A letra é minha, mas não fui eu quem escreveu… Algo me impulsiona a escrever, a sair furtivamente do meu quarto, do meu apartamento, a roubar uma rosa no jardim, a arriscar-me nessas ruas desertas e frias, a encontrar uma maneira de entrar sem ser vista naquele prédio e deixar uma rosa e um poema… O que pode estar acontecendo comigo? Dupla personalidade? Quantas eu sou afinal?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

UM SONHO DE NATAL




UM SONHO DE NATAL
Mario Rezende

Era noite de Natal e dois motivos estavam deixando o menino Daniel muito ansioso. Ele ficou aquela noite com os seus avós, porque os pais dele estavam no hospital (vão ganhar uma menininha, uma irmãzinha para ele). A sua avó disse que vai ser o presente de Natal da família, por isso o nome dela será Natalina.  Daniel estava tentando ficar acordado para esperar o Papai Noel.
O seu avô acendeu a lareira e ele ficou preocupado porque o Papai Noel não poderia descer por ela. Então, ele jogou água no fogo enquanto seu avô cochilava. Mas, como estava muito frio, seu avô logo percebeu que a chama tinha se apagado e voltou a por fogo na madeira.
Realmente era muito mais agradável a sala aquecida, mas iria atrapalhar o Papai Noel e ele acabaria ficando sem o seu presente – Daniel pensou. Quando ia jogar água novamente no fogo...
- O que é isso, menino? Por que está apagando o fogo? – O avô perguntou.
- O Papai Noel não vai poder entrar se o fogo ficar aceso. Fica muito quente.
- Ah! O Papai Noel?! Ele sempre dá um jeito.
- E se ele ficar irritado porque não conseguiu entrar pela chaminé e der o meu presente pra outra criança?
- Tem muita criança que mora em apartamento e casa sem chaminé e nem por isso deixam de receber a visita do Papai Noel e ganhar presente no Natal.
- É mesmo, vovô! Não tinha pensado nisso. Mas ele deve preferir entrar pela chaminé nas casas, porque não é fechada e ele desce por uma corda enquanto as renas ficam voando no céu, sobre a casa. Como ele faz pra deixar os presentes pras crianças que moram em apartamentos e casas sem chaminé?
- Daniel, você nunca ouviu falar em magia do Natal? Ele deve ser mágico. Tem muita coisa que não tem explicação mesmo. Eu também acho que ele não entrega presentes nas casas enquanto as pessoas estão acordadas. É melhor você dormir, senão vai atrasar todo o trabalho dele.
- É  mesmo não é vovô? Eu vou dormir.
- Vai sim, Daniel. Amanhã, quando você acordar, com certeza o seu presente estará perto da árvore de Natal e a sua irmãzinha vai ter chegado.
- A cegonha vai trazer a minha irmã aqui em casa?
- Que cegonha? Ah! A cegonha... Não, ela levou a sua irmãzinha e entregou a sua mãe lá no hospital.
- Agora as coisas estão mais complicadas, não é vovô? A minha avó falou que antigamente as pessoas moravam todas em casa. Então era mais fácil pro Papai Noel e pra cegonha. Agora ela tem que levar o bebê no hospital com hora marcada e tudo.
- Você tem cada ideia Daniel! Vai dormir que amanhã estará tudo resolvido. Você vai ver.
Daniel já estava mais dormindo que acordado e começou a sonhar. Ouviu sininhos do lado de fora da casa e logo depois Papai Noel apareceu na porta do quarto dele.
- Ho, ho, ho, boa noite Daniel! Feliz Natal! Seja um menino bonzinho!
No seu sonho, Daniel ficou quietinho para o Papai Noel não perceber que estava acordado e sorriu feliz porque ele deveria se mágico mesmo, como disse o seu avô. Ele sabe o nome dele, então deve saber o de todas as crianças do mundo. Papai Noel sabia que ele estava acordado no seu sonho e foi falar com ele.
 - Sabia que o seu avô usa sapatos verdes como os duendes?
- Ele usa sapatos verdes porque só fala a verdade.
- Mas o que tem a ver a cor dos sapatos com isso?
- Eu não sei. Nem sei por que os sapatos entraram no meu sonho.
- Se quem usa sapatos verdes só fala a verdade ele não deveria ter mentido pra você. Será que ele não usa sapatos vermelhos de vez em quando?
- Ele mentiu pra mim?!
- Ele não disse pra você que Papai Noel iria lhe dar um presente?
- Disse, Papai Noel. E você não está aqui?
- O que foi que você escolheu mesmo?
- Eu falei pro meu avô no dia que ele recebeu o pagamento da aposentadoria. A gente foi ao shopping, comemos no Mac Donalds e depois a gente foi olhar as vitrines. Ele disse que era pra eu escolher um presente de Natal. Aí eu falei pra ele: “ Mas eu não preciso escolher, o Papai Noel já deve saber que eu quero aquele brinquedo ali.“Acho melhor você pensar em outro presente pro Papai Noel ter outra opção, porque aquele é muito caro” -  ele falou enquanto me levava pra vitrine de uma livraria. Eu nunca vi o meu avô lendo um livro, só jornal. Será que ele estava pensando em comprar um livro pra mim? Já não bastam os que a gente tem que ler na escola?
Eu tinha que tirar ele de lá. Então eu disse que estava com vontade de fazer xixi e ele me levou ao banheiro. Como eu sou pequeno, não consigo fazer xixi onde os homens maiores fazem, então tenho que usar uma cabine, aí foi mais fácil fingir que fiz, porque não estava com vontade nenhuma. Felizmente parece que ele desistiu do livro, porque não voltou pra livraria. Mas eu acho que foi por causa de uma loja de roupas infantis que ele mudou de ideia. “ Não, roupa não!” – Eu pensei. Quem ganha livro e roupa é gente grande.
A sorte é que meu avô já foi criança do sexo masculino e ele deve ter entendido a minha situação, apesar de que na época não deveria existir tantas opções como agora.
Passamos pela vitrine da loja de roupas e eu estava tentando puxar o meu avô pro outro lado. Ainda bem que não entramos naquela loja também. Então, ele me levou pra onde o Papal Noel deve comprar os presentes das crianças, porque tinha muito brinquedo. Aí eu mostrei pra ele um outro que eu também gostaria de ganhar no Natal.
Quando Daniel acordou, bem cedinho, foi correndo para a sala ver se tinha alguma surpresa. O seu avô estava sentado no sofá lendo o jornal. Também estava lá, ao pé da árvore, o seu presente. Desembrulhou rapidamente e descobriu que era o mesmo brinquedo que ele tinha visto no shopping.
- E ainda tem gente que não acredita em Papai Noel, não é vovô? “ Eu acredito e agora sei que existe um Papai Noel pra cada criança. Por isso é que todas ganham presentes no Natal. O meu Papai Noel é o meu vovô” – pensou.

sábado, 20 de dezembro de 2014

PURO DESEJO




PURO DESEJO
Até hoje eu não sei
se foi invenção do meu olhar
ou artimanha do desejo,
puro desejo,
que enchia o meu pensamento.
Eu acho que foi um sonho,
mas ainda não tenho certeza
se foi imaginação
ou realmente aconteceu,
quando ela apareceu de repente
naquela tarde de domingo azul,
os olhos cheios de feitiço
e com os lábios molhados,
sorriu para mim
um sorriso voraz.
“Sou para você,
de mais ninguém”.
Eu a ouvi cantar
e senti o corpo arder
até o limite da vaidade.
Naquele momento eu percebi:
era tarde demais
para enganar o destino.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Oração

Parece que eu já te encontrei.
E é uma grande emoção,
se fechar os olhos até sinto
o toque da tua mão.
Se respiro sinto meu corpo
vibrar em reação;
a essa coisa que só você tem
que faz pulsar meu coração,
que traz a realidade memórias
que antes eram apenas um borrão.
É uma coisa deliciosa
essa real sensação,
de ver nossos corpos unidos
nessa consumação,
que não é apenas erótica
mas a resposta de uma oração.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Os anos 60 - Lady Viana





Pensando nos clássicos anos 60, tive uma explosão de lembranças de textos, livros didáticos e músicas que saberiam explicar, todos juntos, a importância dessa década.

Mas, precisamente, não quero explicar a importância dos anos 60. Estive pensando nos passados e presentes. Quero só comentá-lo.

Voltando-me aos jovens, seus pais foram lutar [Second World War]. Suas mães trabalharam em fábricas e indústrias bélicas. Nos anos 40 e, principalmente, nos 50, após o Baby Bloom, a sociedade que durante a guerra foi mantida por mulheres queria que elas voltassem a viver em casa. Abandonassem as calças e vestissem novamente suas saias; para facilitar, a moda criou ideais lindíssimos de moças direitas, com formatos cinturados e elegantes, penteados difíceis de manter – justamente para que as moças não exercessem atividades que bagunçassem o penteado -, maquiagem extrema e batons icônicos, como o vermelho. Além da ascensão do cinema, que contribuiu para reforçar esses ideais e implantá-los na cabeça das mulheres. Eles temiam que suas esposas desistissem de ser donas de casa para trabalhar no mundo afora. Temiam que elas fossem independentes. Pode parecer um discurso feminista exacerbado, mas é a história.

Mulheres foram ensinadas a se portar adequadamente, a serem prendadas, ou viveriam “na solidão”. Homens foram ensinados a serem o “Homem da Família”, defensor de suas indefesas esposas e filhas, além de terem o “fardo” de ensinar isso a seus filhos também. Ou seja, ambos foram, desde pequenos, ensinados de formas diferentes para o mesmo objetivo: submissão feminina. Retornando à moda, e a sua relação com o feminismo, o surgimento do nylon.

Uma fibra foi responsável por grandes mudanças na sociedade. Meias-calças, luvas e lingeries mais práticas por causa da fibra. E, por serem mais práticas, mais fáceis de usar e, portanto, usáveis no dia-a-dia – e no trabalho. Isso foi fatal para o período. Ora, as moças já haviam construído mísseis! O que fazer para domá-las? Para trazê-las de volta para casa?

Paralelamente a isso, o poder da publicidade. As indústrias estavam preocupadíssimas em criar inovações que fossem atraentes para as mulheres. Em contraposição ao infeliz que inventou o nylon, claro. Não era para facilitar a “fuga” das mulheres, e sim o contrário! Algum gênio teve a ideia de trabalhar nos aparelhos domésticos.

Aspiradores de pó, torradeiras, frigideiras, refrigeradores – de diversas cores, para chamar a atenção -, entre outros, foram uma estratégia para fazê-las comprar. Terem o prazer de “ter” algo da moda, que não fossem roupas práticas. Eletrodomésticos, a melhor ideia. As moças foram à loucura, e isso funcionou por um tempo.

Por um tempo, talvez uns 10 anos. Essas moças, talvez, tenham realmente ficado em casa. Mas suas filhas e filhos foram criados por uma mãe que já havia trabalhado, dado duro numa indústria bélica, que saía cedo para voltar bem tarde, e que voltavam sujas de óleo. Elas ralaram. E os pais, pois, lutaram em uma guerra de dimensão mundial. Todos estavam mudados, mesmo que inconscientemente. Ele pode ter voltado para casa e querido uma família doméstica e domada como antes. Ela pode ter voltado para casa e querido um pouco mais de liberdade. Ainda que não declaradamente, essas crianças cresceram diferente. Não tinham pais que eram ladies e sirs que nunca haviam saído de sua zona de conforto. Eles conheceram o mundo e suas dificuldades.

Nada mais natural que os filhos quisessem algo diferente também. E, bam, nos anos 60, no auge da juventude dessas crianças agora crescidas, protestos, mudanças e invenções.

Na década anterior, mulheres fartas representavam fertilidade e feminilidade. E então veio a Twiggy. Shrimp. Entre outras, principalmente britânicas. Agora magérrimas, joviais e pulantes, totalmente “transgressoras”. Um choque. E a minissaia. E a música ousada e sexual. Os jovens queriam liberdade, queriam uma mudança. Símbolos da freedom.

Não tinha como mudar o mal que já estava feito: em 69, Woodstock foi a precursão da efemeridade da moda e seus ideais estéticos, justificados em justificativas justificáveis por fatos históricos e o choque de culturas, o choque de eras. O objetivo parecia ser matar seus ancestrais do coração. O rock mudou. Tudo mudou.



No final das contas, de moda só falei duas coisas. Coisas essas que, por incrível que pareça, mudaram uma era. E mudaram para sempre. Digo, até chegar a próxima temporada.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Viajarei nos raios do Sol

Viajarei nos raios do Sol
E me deixarei levar pelo vento
Dormirei sob o paiol
Nas noites sem alento

Amarei sem limites
Tentando dar vida
A meus olhos tristes
Pela dor de tua partida

Lágrimas a cair
Fertilizando a terra árida
Ao longe, cães a ganir
Como adivinhando a dor invisível
Ferida incurável
Fato imutável palpita em minha alma gélida

O vento a sussurrar
Um último lamento
Grandes árvores sob ele se curvam a chorar
Ah! Dor, d’alma alimento...



ENIGMA DA PAIXÃO

 
ENIGMA DA PAIXÃO
Pode parecer tolice,
como alguém me disse:
um amor sem sexo
como uma orgia sem nexo.
Mas os devaneios o alimentam,
e ela torna-se, sim,
anima que me complementa
e satisfaz a necessidade de amor,
porquanto animus por parte dela eu sou.
Por uma mulher linda,
companheira nos meus sonhos,
murmuram o seu nome
os meus sussurros ressonados
e, no ninho mágico do amor
que o desejo encena,
sinto o seu perfume
e saboreio o seu delicioso gosto.
É verdadeira a química que flui,
como o corpo diz,
e  me deixa muito feliz.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SOU FRIDA






Negar o inegável
E disfarçar o óbvio
Já não adianta mais
Calar do coração
A canção

Perder-me em teu olhar
E em teu corpo me encontrar
Não, tarde demais
Para tentar matar o sentimento
Imortal
Mesmo que ele me seja fatal

Risco não calculado
Amar-te demais
E não poder em meus braços
Reter-te
E nos teus

Deter-me